De quadra em quadra fiz sexteta
Palhoça cresceu e se modificou
Hoje, está bem diferente
As pessoas, quando se viam
Cumprimentavam-se contentes
Hoje, buscam, desesperadas
Quem tome conta da gente.
Teve candidato, esta semana
Fazendo bela constatação:
“A nuvem de nosso céu
É branca como algodão,
Como a beleza das garças,
Que voam rente ao chão”.
E de quatro em quatro anos
A Prefeitura vai a leilão
Todos te amam, menina,
Só em época de eleição.
Viras pia de água benta
Onde todos põem a mão.
O Pitanta falou pro Pakão:
“Vida assim, melhor não há
Voa, voa, passarinho
Que como eu pode voar;
Tira os pezinhos do chão
E põe tuas asas no ar”.
O Camilo disse pro Jean
Quando ainda faziam reunião:
“Palavras fora da boca
São pedra fora da mão,
Tu tens me dito palavras
De cortar o coração”.
O Jean Negão respondeu,
Externando sua agonia:
“Você já me fez dançar,
Pensando que eu não sabia,
Enquanto pra mim não olhares
Vou falar de ti todo dia”.
O governador Moisés,
Palhoça veio visitar.
Se soubesse que ele vinha,
O Ivon tinha mandado buscar
Uma sombrinha enfeitada
Só pro sol não lhe queimar.
O Eduardo Freccia já sabe
Desta história muito bem
Ele não quer nem brincando
Dizer adeus a ninguém:
Pois quem parte, leva saudades,
Quem fica, saudades tem.
O Sérgio Guimarães fez a cama
Mas se esqueceu do cobertor
Depois da dedetização, olhou pra cama
E na cama, sozinho se deitou
O lençol amanheceu mijado
E não se sabe quem mijou.
O Avante, partido político,
Em Palhoça ganha direção
É um partido pequeninho
Do tamanho de um botão
Carrega o Lecinho no bolso
E o Luciano no coração.
O PT disse pro Jailson
Quando ao partido foi se filiar:
“Estrelinha caiu do céu
A terra veio iluminar,
Essa estrela vai e volta,
Rezo para um dia ela voltar”.
Embora o que Deus nos deu
Caiba numa mão fechada
O Rangel e o seu PSol
Não vão deixar ninguém na estrada
Pois pouco, com Deus é muito,
O muito, sem Deus é nada.
Lá atrás, daquele morro
Tem três meninas sentadas
Uma pensa em votar no Jean Negão
Outra do Freccia e do Rangel é camarada
A terceira vota no Ivon ou no Luciano
Andam indecisas, as coitadas.
Os moradores do Sul
Pra Prefeitura estão a escrever:
“Se vires a tarde triste,
E o ar a querer chover,
Saiba que são os nossos olhos,
Que choram por não te ver”.
Na política de Palhoça,
Maré leva, maré traz,
Com jeito, tudo se arranja,
De tudo o jeito é capaz,
A coisa é ajeitar o jeito,
E isso nosso político já faz.
Me dizia o Antônho do Bidunga:
“Caímos numa vala comum
Sete e sete são catorze
Com mais sete, vinte e um
Se é para ter político alienado
É melhor não ter nenhum”.
Em toda eleição, eu voto
Mas digo que não votei
Sem que um discurso eu pedisse
O Bolsonaro falou e eu escutei
Gostei do que ele não disse
Do que disse é que não gostei!
Falaste muito na eleição
Foram palavras vazias
Tu, candidato, o que prometeste
Parecia que tudo podias
Hoje que podes – esqueceste
Tudo quanto prometias...
O eleitor e o candidato
É o cu sujo e o cu cagado
Compreender um ao outro
Não é assim tão complicado
Pois quem engana não sabe
Se está sendo enganado.
Aconselho os políticos
Muitos vivem por aqui:
Chegastes onde pudestes
Mas nunca de nós deves rir
Nem fingir que não conheces
Quem te ajudou a subir.
Chove chuva miudinha,
Na copa do meu chapéu
Antes um bom chuvisquinho,
Do que um castigo do céu
Como sonhar com a eleição
E ela não sair do papel!
Então joguei um limão n’água
Que de pesado foi ao fundo
Os peixinhos disseram:
“Não faz isso, seu imundo
Pare de escrever tanta asneira
Vai aprender a votar, vagabundo!”
Publicado em 22/10/2020 - por Beltrano