Os políticos e a quarentena
Eleições 2020: entre o escárnio, a picardia e a dura realidade da política palhocense! Não é mole, não!
Perguntaram a Deus: “Quando, no Brasil, vai ter uma eleição em que vão concorrer só políticos honestos?”. Deus respondeu: “Filho, isso não vai ser na minha gestão”. Rá, rá, rá, rá...
O Antônho do Bidunga é que diz: “Errar é humano, permanecer no erro é reeleição”. Já o diabo é a falta de opção! Ele diz que seu voto vale muito, mas os candidatos aqui de Palhoça só estão pagando R$ 50. Nestas eleições, ele pretende votar no Ali Babá, pois assim, pelo menos, ele sabe que no poder do município terá somente 40 ladrões! “Na verdade na verdade, vos digo: os 40 ladrões eram 41. É que um aceitou a delação premiada e entregou os outros 40”. Rá, rá, rá, rá...
O Jorge da dona Bilôca não entende como alguns escolhem a política para viver, quando há tantas maneiras legais de ser desonesto na vida. Ele diz que anda acuado e nem meter o nariz fora de casa ele mete mais, ainda mais em tempos de Covid. Dia desses tomou o maior susto: “Acabei de ser abordado por um bandido aqui na porta de casa. Ainda bem que não levou nada, só queria meu voto”. Mas admite que a ocasião faz o político, embora saiba que nem todos os políticos sejam corruptos, só os que se elegem! Daí o Antônho falou pro Jorge: “Se está ruim pra você, imagina pra quem trabalha na Prefa e na Câmara, que precisa adesivar o carro com propaganda de político, só para garantir o emprego”. Rá, rá, rá, rá...
O Antônho do Bidunga, na sua santa sabedoria, diz que não adianta ser eleitor consciente se a gente não pode ficar deitado eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo, como ficam os deputados no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa, presencial ou virtualmente, em tempos de pandemia! Ele diz que se fosse contar toda vez que pensou estar votando consciente e quebrou a cara, não teria mais cara, teria um mosaico! Mas ele deixa claro que não possui nada contra as putas. O problema, segundo ele, são os filhos delas!
Jorge da dona Bilôca diz que nessa eleição pretende votar limpo. Se bem que isso pode ser qualquer coisa: pode ser que ele tenha que ir ao banheiro antes de votar lá no colégio da Barra do Aririú! O Jorge só está preocupado e vive se perguntando quantas árvores ele vai gastar para fazer o papel de trouxa? Tanto, que todo sano dia assiste ao Jornal Hoje só para ver e ouvir a manchete: “Presidente contrai Covid-19, mas é só uma gripezinha”. Ou então: “Deputado contrai febre aftosa. Ministério da Agricultura afirma que terá que abater todo o rebanho”. Rá, rá, rá, rá...
Ontem mesmo, transitava pela BR-282, perto da entrada da Jaqueira, quando gritei pra uma motorista que transitava na pista no sentido contrário: “Vaca”! E ela respondeu: “Corno”. Não deu outra: ela atropelou o pobre animal e estoporou o carro todo! Logo depois, fui parado em uma blitz, e o policial perguntou por que meu carro estava sem placa. Eu respondi: “Seria porque ele usa Colgate Total 12?”. Rimos e fui preso, não era dia de eleição!
Coisas que a quarentena está provocando no nosso cérebro:
Troco massa, arroz e açúcar por papagaio.
Preciso falar com alguém.
Se virem que saí do grupo, me coloquem de novo. É o desespero pra sair pra algum lugar.
Nem em meus sonhos mais loucos, imaginei entrar mascarado no banco e pedir dinheiro.
Acha que está com ansiedade? Imagina os Testemunhas de Jeová, que não podem sair pra bater nas portas, sabendo que todos estão em casa.
Nunca pensei que minhas mãos iam consumir mais álcool do que meu fígado. Nunca!
A quarentena parece uma série da Netflix: quando um acha que vai acabar, sai a próxima temporada.
Estou gostando da máscara: no supermercado, passei por duas pessoas a quem eu devo dinheiro e não me reconheceram.
Pessoal se queixou que 2020 tinha pouco feriado? Como estão agora?
Preciso manter distância social da geladeira: testei positivo pra gordura abdominal.
Alguém sabe se a segunda quarentena se repete com a mesma família ou podemos trocar?
Faltam duas semanas para que nos digam que faltam duas semanas para nos dizerem que faltam duas semanas.
Não vou acrescentar 2020 à minha idade. Nem o usei!
Queremos nos desculpar publicamente com 2019 por tudo o que falamos dele.
Essas mulheres que pediram a Deus que o marido ficasse mais tempo em casa, como estão agora?
Minha lavadora de roupas só aceita pijamas; coloquei um jeans e ela me mandou a mensagem: #ficaemcasa.
O primeiro que eu ver em 31 de dezembro chorando pelo ano que se foi, vou encher de porrada.
Depois de passar por toda esta angústia, só o que nos falta é que a vacina seja um supositório.
Me sinto como se tivesse 15 anos de novo: sem dinheiro na carteira, com o cabelo comprido, pensando o que fazer com a minha vida e sem permissão para sair.
Publicado em 09/07/2020 - por Beltrano