O Carnaval do Beltrano, do Antônho e de sua "Nega Quirida"
A convite de um amigo
Numa atitude bem legal
Beltrano foi convidado
Pra assistir ao Carnaval
Fui ver a Nação Guarani
Desfilar na Capital.
Fui eu e o Antônho do Bidunga
Enfrentando os holofotes
Com ele foi a Zurilda
Pra fungar no seu cangote
Nos perdemos em Floripa
Nem chegamos ao camarote.
Pra chegar na Capital
A Jotur foi o transporte
No ônibus, fomos espremidos
Debaixo de um calor forte
A Zurilda reclamava baixinho
Maldizendo a nossa sorte.
Andamos uns dois quilômetros
Do ponto final até a folia
Eu, já de pernas bambas,
Chamava a Zurilda de Maria
Só o Antônho soltava a franga
Nunca vi tamanha energia!
Cruzamos ruas e vielas
Até parecia promessa
Muitas vezes eu não sabia
Se era rua ou travessa
Pra todo lado que íamos
Tinha folião à beça.
Então ouvimos um batuque
Palhoça puxava a folia
O pessoal do Caminho Novo
A sua escola seguia
Era uma algazarra tão grande
Que de longe se ouvia.
Tentando alcançar a turma
O Antônho saiu disparado
Tropicou no meio-fio
E ficou no chão deitado
Enquanto a turma do Caminho Novo
Sumia lá pras bandas do Mercado.
O Antônho gritou: "Corre lá
Não deixa a raça escapar
Em Floripa tâmo perdido
Se na passarela não chegar
E já está quase na hora
Da Nação Guarani entrar".
Para cortar caminho, o Antônho
Sobre os canteiros caminhou
A Zurilda reclamava da catinga
Da urina que alguém mijou
A imundície era tanta
Que a coitada vomitou.
Eu, com o estômago embrulhado
Minha cabeça era um fole
Paramos pra beber cerveja
O Antônho não fez corpo mole
Comprou logo seis latinhas
Que tomou em um só gole!
De repente, ouvi um grito
A Zurilda apontou o dedo
Um cara ao longe passava
Sambando sem sentir medo
Era o sargento Eduardo Lemos
Que da Nação cantava o enredo.
Passamos a correr atrás dele
Seguindo sua fantasia cintilante
Quando ele nos viu, de longe
Daí é que correu bastante
Acabou por nos confundir
Com um trio de assaltantes.
Fui rumo à passarela
Pois já estava na hora
Vi passar o Richard Goterra
Acompanhado por uma senhora
De tanto correr atrás deles
Botei os bofes pra fora.
Como não é acostumada
A Zurilda sofria o abalo
Apertava-lhe o sapato
Não conseguia andar mais um palmo
De tanto que caminhou, a coitada
Encheu seus pés de calo.
Acabamos numa padaria
Comendo pão com salame
Eu, “deverasmente” cansado
Parecia que ia dar um derrame
Mas o Antônho dizia: "Enche o bucho
Lambe os beiços e não reclame".
Quase a Floripa inteira
Numa noite conheci
E já nascia o domingo
Quando pra Palhoça eu vim
Sem ter visto uma só pena
Da nossa Nação Guarani.
Na segunda, fui no Clube 7
Isso mereceria uma manchete
Fui fantasiado de político;
Minha "Nega Quirida", de vedete
Pois a melhor coisa da vida
É pular Carnaval no Clube Sete.
Trocar seis por meia dúzia
É dar uma de boboca
Prefiro ficar no Clube Sete
E pular que nem pipoca
Se lá eles tinham o "Nego Quirido"
Aqui tivemos o nosso saudoso Coca.
Na Quarta-Feira de Cinzas
A lembrança veio à mente
Desse Carnaval tão louco
Tão atípico e diferente
Tão cedo não saio de Palhoça
Pra pular na Capital novamente!
Mesmo eu não vendo o desfile
Parabenizo o Caminho Novo
Que com a Escola Nação Guarani
Representou todo seu povo
Que venha o Carnaval de 2021
E toda essa magia de novo!
Publicado em 27/02/2020 - por Beltrano