História de uma velha casa de barro coberta com palha
A primeira vez do Jorge da dona Biloca
“O céu estava claro, a lua quase dourada…
Ali no campo, eu e ela, e não se via mais nada!
A pele suave, as ancas expostas,
E eu tocando de leve o macio de suas costas…
Não sabendo começar, olhei o corpo esguio.
Decidi colocar as mãos sobre seu peito macio…
Eu sentia medo! Meu coração forte batia,
Enquanto ela, bem lentamente
As suas pernas abria…
Vitória! Eu consegui!
Tudo então melhorou…
Foi quando vi com satisfação
Que o líquido branco jorrou!
Finalmente tudo acabou,
Mas quase que eu saio de maca.
Não sabia que era tão difícil
Tirar leite de uma vaca!
Você pensou que fosse o quê? Nunca tirasse leite de uma vaca, né, seu mandrião! Rá, rá, rá, rá...
Os erros dos outros
Um amigo meu chegou para o padre lá da Enseada de Brito e perguntou:
- Padre, o senhor acha correto alguém lucrar com os erros dos outros?
- É claro que não, meu filho! - Respondeu o padre.
Daí ele disse pro padre:
- Então me devolve a grana que eu paguei para que o senhor fizesse meu casamento!
Se fosse hoje em dia, eu mandava esse meu amigo procurar o Rodrigo Quintino do Procon! Tá lá no Código do Consumidor: não gostou ou apresentou defeito, pode devolver! Qués magi?! Intão vai dá como eu di!
O Garanhão da Cova Funda
Isidoro era um antigo morador da Cova Funda. Sua fama de garanhão ultrapassava fronteiras e já tinha chegado ao Morro do Gato, Pagará e até na Cova da Onça. Um dia, Isidoro foi para aquelas bandas com seu carro de boi e no caminho deu carona para a Maricha, uma prenda apartada e muito bonita do Morro do Gato.
E lá foram os dois no carro de boi. Isidoro doido “pra modi cantá” a Icha. Mas, assim de supetão, não se achava com coragem. Então, começou a cantarolar acompanhando o cantar do carro do boi:
- Vâmo simbora Maiado, vâmo simbora Torpedo... Tô doidinho pra cantá a Icha, mas tô cum medo!
No que a Icha também cantarolando respondeu:
- Vâmo simbora Torpedo, vâmo simbora Maiado, se tivesse cantado antis, a Maricha já tinha dado!
Cantou e acabou dançando... Rá, rá, rá, rá...
Sem pó em casa
Pra vocês verem como são as coisas. Antigamente a “semvengonhice” também existia em Palhoça. Essa aconteceu no Bela Vista:
O Vilson há muito tempo estava de olho na “cumadi” Marlene. Um dia, aproveitando a ausência do “cumpadi”, ele resolveu fazer uma visitinha para ver se ela não carecia de alguma coisa...
Chegando lá, os dois, um tanto sem jeito, já que nunca tinham ficado a sós, começaram a conversar debaixo de um pé de jabuticabeira... sem muito assunto, falaram sobre o tempo:
- Será qui chove?
- Pois é... acho que não, né cumadi... magi pode dá trovuada!
- Será?!
- O Cambirela já botou o chapéu!
Ficaram ali um tempão proseando sobre o tempo... Aí, o Vilson se encheu de coragem e resolveu quebrar o gelo:
- Cumadi....o qui tu acha mio nós fazê: fazêmo amô ou tomemo um café?
E a cumadi:
- Ah, cumpadi... cê mi discurpa, mas mi pegô sem pó em casa!
Rá, rá, rá, rá...
Eu comunguei e você?
Esse causo aconteceu com o Juca, filho do seu Joquilia, lá da Barra do Aririú. Uma vez o Juca foi se confessar com o padre Osvaldo Prim.
No confessionário:
- Meu filho, quais são os teus pecados?
- Pade, eu comunguei faz três anos! - confessou o rapaz.
- Sim, meu filho, fora a falta na comunhão, quais são teus pecados? Fala logo que está quase na hora de minha novela, digo, novena!
- Eu já disse padre, eu comunguei faz três anos!
- Está bem meu filho, eu sei que você comungou há três anos e isso não é pecado é só desleixo! Conte-me agora os pecados mortais, pelo menos os mais graves...
- Padre, eu vou repetir bem degavazinho: “Eu - como - um - gay - faz - três - anos!”
Como naquela época era pecado, teve que rezar uma semana inteira para se penitenciar! Rá, rá, rá, rá...
E pra terminar: Momento Poético do Beltrano
“Tanta laranja espalhada
Tanto limão pelo chão
Tanto sangue derramado
Por aqui mataram um boi!”
“Subi num pé de laranjeira
Pra ver o meu amor passar
O meu amor não passou
Desci todo espinhado do pé de laranjeira...”
Publicado em 16/05/2019 - por Beltrano