O poema da cacaca
Senhores candidatos e partidos:
Julgamos digno este relato
Ao ver toda essa exposição
Então venho até vós,
Humildemente,
Numa toada triste e complacente
Para que não se permita mais deslize
Sonhando, enfim,
Que nosso voto vai afastar a crise.
Senhores:
Em vão clama o Brasil inteiro,
Não precisamos de políticos embusteiros
Que sujam a fralda de suas camisas
Daí, o que nos sobra é matéria orgânica
E disto o brasileiro não mais precisa
Mesmo que o Brasil se faça de rogado,
Nossa memória continua fraca
Pois a matéria, em questão,
Se chama cacaca!
Não precisamos mais de bosta, senhores candidatos e partidos!
Nem junto dela o santinho com seus retratos.
Se os membros dos ilustres partidos políticos acham
Que para o eleitor, o Brasil está perdido
Se é preocupante esse sentimento que os anima
Que de vez, nos deixe sujar de baixo acima
Escolhendo a dedo candidatos em cada cidade
Para que não continuem cagando em nós,
Apenas por caridade!
Pedimos aos senhores deputados e senadores a legislar
Que quando tiverem vontade de evacuar
Não venham a nós solícitos, calados
Que busquem um canto no palácio, não ocupado
Deitem suas calças, que caiam com desapego
Ajeitem a bunda gorda, com todo sossego
E com o reflexo da urna, iluminando o espelho
Espremam-se, por favor, até ficarem vermelhos!
O Brasil sempre depositou em vocês seu destino…
Então, comprimam-se, apertem os intestinos;
E se lhes escapar um pum, não se importem,
Quem sabe ao cheirá-lo nos dê sorte!
Então, comprimam as nádegas, não abortem essa esperança
Unindo-se todos numa daquelas tríplices alianças… Com aval do Pleno
Aumentando assim a cagança desbravada, dividindo a bosta em quinhão,
E cheirando seus próprios puns com catinga de veneno.
Não precisa falar nada! Senhores candidatos:
Temos certeza que a fonte política dessa merdeza
Está na força desta grande panela
E na bosta grudenta que nós, eleitores, depositamos nela.
Não precisamos mais de bosta, senhores candidatos e partidos!
E nem junto dela o santinho com seus retratos!
Ah, é tanta bosta grossa e fina se dizendo bosta boa
Se empossando do Brasil, feito pinico, que a urna abençoa…
Mas é humilhante saber que todos vós
Continuam cagando sem pensar um tiquinho em nós!
Se querem fomentar a nossa feiura
Chega de tanto político com soltura
Vamos dar nossos votos em larga escala
A quem vir e oferecer,
Pouca merda ou merda pouca e rala.
O que não nos conforta é a bosta à vontade
Mas mesmo a bosta precisa ter qualidade
Ter formas normais ou formas de parasitas
Pois mesmo cagalhões ou caganitas,
Não precisam ser tão esquisitas
Da pequena poia, à grande bosta
É triste saber que tudo que vier, o povo gosta!
Senhores candidatos:
Não precisamos de tanta bosta como deputado, senador, presidente…
Queremos apenas um Brasil decente
Para que possamos, enfim, evacuar pra frente!
Publicado em 26/07/2018 - por Beltrano