Escrevi, em artigo anterior, que “a falta de sentido à vida está matando nossos jovens”. Após ser publicado pelo Palavra Palhocense, encontrei mães que, juntamente com profissionais da Educação, estão preocupadas com acontecimentos muito próximos às suas casas, na vizinhança, nas escolas e isso as está assustando, pois não sabem o que fazer.
Não há uma ação isolada para prevenir, e sim, um conjunto delas e a partir da Educação levada a sério. A Educação começa em casa, no berço. A escola ENSINA e coordena a socialização destas diversas formas de educar, que a família oferece a seus filhos.
A Escola e a Família devem sempre estar juntas na construção de indivíduos conscientes, conhecedores de seus direitos e DEVERES e atentos às necessidades da sociedade onde vive. Nós fazemos parte dela, lembra?
A música “Era uma vez”, da cantora e compositora Kell Smith, nos surpreende com a frase “porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido”. Em seu refrão, lembra que nosso sonho de infância era crescer “e, quando cresce, quer voltar do início.”
Quantas histórias você lembra de sua infância? Quantas aventuras, em comer frutas tiradas das próprias árvores? Tomar banhos em rios? Jogar bola? Brincadeiras de roda ao ar livre até anoitecer, ou até a mãe chamar: “já prá dentro”?
Eu me lembro de tantas aventuras, provavelmente você também tem várias a relatar. Mas, faço um desafio: olhe para o lado, observe seus filhos, os amigos de seus filhos, eles terão histórias assim para contar aos seus filhos e netos?
Ultimamente se observa, com tristeza, crianças e adolescentes, fechados em seus quartos, fechados em seus próprios pensamentos, fechados em seus próprios mundos – hipotéticos e utópicos – com atenção, tão-somente, a uma tela de computador ou do celular...
O que esse imediatismo, essa falta de estudos, de construção do futuro, de sentido da vida, fará com nossos filhos?
As pessoas dão sinais. Ninguém faz nada por acaso. Ações falam mais do que palavras, sempre!
Aqueles que têm convivência mais próxima de familiares e amigos, de acordo com os especialistas, têm menos propensão ao suicídio. E isso não é de agora: em 1897, Emile Durkheim importante sociólogo francês, escreveu o livro intitulado “O Suicídio” onde apontava essa tendência. Através de dados estatísticos da época, Durkheim defendia que os “vínculos sociais fortes”, principalmente com a família, representa um fator de proteção importante. Aquelas pessoas que têm ideias suicidas, em especial os adolescentes, recuam para não magoar, familiares queridos próximos.
Com os núcleos familiares tomando diferentes formas e falta de outros círculos sociais com vínculos fortes, os adolescentes conseguem dar fim na solidão apenas na escola. Exatamente por isso, a instituição escolar tem seu poder fortalecido, pois é nesse ambiente que as crianças/adolescentes têm vínculo com outras pessoas, considerando que se perdeu a convivência de irmãos e primos, ao perderem as ruas e os vizinhos para a violência urbana.
Questiona-se o que a escola pode fazer, já que tem se tornado o local mais importante para muitos jovens. Exige-se dos professores mais atenção, pois esses profissionais, muitas vezes são a referência desses adolescentes, pois é com os professores que há diálogo, tira-se dúvidas, aprende a viver e conviver, aprende valores, muitas vezes esquecidos.
A prevenção continua sendo a melhor opção para inibir situações de desespero das pessoas e, agora, atingindo diretamente nossos jovens.
Sugira, para que a Escola onde seus filhos estudam, façam palestras, discutam o tema e a valorização da vida. Participe mais ativamente do dia a dia escolar. Faça parte dos conselhos escolares.
Aja!
Lembre-se que hoje é o futuro de ontem! O que você fez – ou faz – para prevenir esses tristes cenários que rondam nossas famílias? Pense nisso!
Publicado em 30/05/2019 - por Luiz Antonio Grocoski